One shot
Paramos para descansar num local que parecia seguro, apesar da possibilidade de nos seguirem. Sentei-me no chão da floresta e encarei o Uchiha, ele se aproximou de mim e sentou ao meu lado.
-Me desculpe. – Foi o que consegui dizer enquanto olhava para as árvores frondosas. A missão ter ido água a baixo era minha culpa. Ele segurou meu queixo e me fez olhar em seus olhos.
-Marih, você está se esquecendo que não estamos na Akatsuki pelas missões deles. – Ele não parecia bravo ou chateado, seu olhar me passava paz. Ele estava certo, algumas vezes eu caia na rotina e me esquecia que nunca pertenci àquele lugar.
Me surpreendi com Itachi me empurrando e só entendi quando milésimos de segundos depois vi uma kunai com papel bomba passar zunindo. Me levantei e afastei antes que explodisse. A fumaça se espalhou, mas eu tinha certeza de que Itachi poderia enxergar.
Coloquei um dedo no chão para identificar meus inimigos próximos e pude me defender de um ataque com Taijutsu. Eram uma quantidade menor do que enfrentamos antes, talvez agora pudéssemos derrota-los. Usei um Mizu Bunshin para atrasa-los e acertei um com Suihachi, técnica em que eu atiro jatos de água pela mão. Eles pareciam ser bons ninjas sensoriais, mesmo na fumaça estava difícil me esconder deles, um ninja menor conseguiu me acertar no braço antes que eu o chutasse para longe. Outro que lutava com meu bunshin o derrotou e defendi seu ataque com uma kunai, me abaixei para e situar novamente na fumaça e notei que outro vinha em minha direção, me esquivei de última hora e o deixei acertar o aliado, terminei acertando os dois com um chute, ouvindo os dois corpos baterem no que devia ser uma árvore. Notei o menor se aproximando de mim novamente, não tinha sido nocauteado ainda, dessa vez me defendi e joguei a kunai dele para longe, usei o Mizurappa para finaliza-lo.
A batalha terminou e a fumaça começou a baixar, consegui ver a sombra de Itachi e poucos segundos depois notei o quanto ele tinha derrotado mais inimigos que eu e ainda sim estava lindo, como se nada o tivesse atingido.
-É, o sharingan sempre faz todos focarem em você e eu fico com o mais fácil. – Ele riu e me aproximei – Acho que ainda não escapamos.
-Sim, precisamos continuar. -Ele assentiu e olhou para meu braço ferido, um corte não muito profundo feito com uma kunai, o país era muito seco para que eu pudesse conseguir controlar totalmente meu Suika no Jutsu. Itachi puxou uma bandagem da sua bolsa e desabotoou a minha capa, puxando um dos ombros da roupa até que minha ferida ficasse exposta. Eu sabia o que ele estava fazendo, mas meu corpo ainda me traiu e me fez corar com a situação. Olhei para seu rosto esperando que ele não tivesse notado, mas quem eu queria enganar? Ele era Itachi, ele me conhecia e eu também o conhecia, sabia o quão observador ele era. Apesar de concentrado em cuidar do meu braço, eu podia ver um sorriso discreto em seus lábios, o que só me fez corar mais ainda. Eu nem conseguia mais esconder o quanto eu o amava, qualquer simples ação me deixava lisonjeada, feliz. Ele era o único motivo para eu me sentir viva no meio de tudo o que acontecia na minha vida. – Vamos. – Ele arrumou minha capa e continuamos.
Conseguimos nos distanciar mais da Vila da Pedra, talvez não estivessem nos perseguindo mais. Parei e me certifiquei do entorno, apesar de não ser tão boa quanto deveria, meu jutsu sensorial era muito útil.
-Parece que são apenas 4 dessa vez. – Me levantei e senti a dor eu meu braço enquanto pegava algumas shurikens. Itachi foi mais rápido com o sharingan e atingiu dois com shurikens, joguei as minhas em um deles, mas ele se esquivou e partiu para cima com uma espada. Tive que se rápida para sacar duas kunais e bloquear o ataque, o garoto tinha força e o empurrei antes que eu cedesse. Usei o Mizurappa para ataca-lo, mas ele também era rápido, apenas consegui acertar seu braço direito, fiz os selos para usar o Suichouha, mas ele me atacou por trás. – Gaah! – Cai no chão com as costas feridas, o que ele tinha feito? Será que era realmente rápido assim?
Me afastei arfando de dor e notei que Itachi acabou rápido com o que ele lutava e partiu para cima do que havia me atacado, num acesso de quase fúria, coisa que eu nunca tinha visto Itachi sentir, usou seu Mangekyou e apenas ouvi o garoto gritar de dor e cair no chão, parecia morto.
Itachi se aproximou de mim, a raiva tinha se esvaído completamente, deixando apenas preocupação, me senti mais segura com ele por perto, minhas costas doíam muito, queria descansar, mas eu não podia, ainda corríamos risco.
- Tudo bem, cuidamos disso assim que estivermos longe. Gh... – Me levantei com dificuldade e ele ficou de costas para mim, abaixando seu corpo.
-Suba, vai ser mais rápido assim. – Ele foi direto e apenas o obedeci.
Estávamos bem longe dos limites de Iwagakure, agora estávamos andando lentamente, foi quando por coincidência achamos um campo aberto, apenas com alguns arbustos, caí ali mesmo.
-Marih!?
-Só estou cansada... – Respodi de olhos fechados, minhas costas ardiam muito e eu sentia minha capa um pouco molhada, provavelmente pelo sangue. O senti tirar a capa, mas mesmo com a dor o impedi, a faixa que eu usava para cobrir meus seios tinha sido cortada junto e caído durante a batalha, ele me veria semi-nua dessa forma e eu ficava extremamente envergonhada apenas de pensar – E-eu...
-Eu preciso cuidar do seu ferimento. Me deixe tirar sua capa. – Demorei alguns milésimos antes de ceder, ele tirou com cuidado e não senti mais nada, me perguntei se ele estava analisando o corte ou percebendo porque eu o impedi de tirar a capa, talvez os dois. – Você deve estar com sede para não ter usado o Suika duas vezes. – Não o respondi, ele sabia minha resposta. Ele pegou mais bandagens em minha bolsa, o senti passar no corte, limpando e enrolando a faixa no meu toráx, tinha que agradece-lo por não olhar meus seios nus, eu ficaria constrangida demais. -É o melhor que posso fazer agora, devemos achar um ninja médico na vila mais próxima.
Itachi se sentou na minha frente, me olhava com uma intensidade que me pegou de surpresa, é claro que eu amava ser olhada por ele, mas dessa vez era diferente, ele parecia ir fundo em minha alma e eu não me fechei para ele. Me senti triste quando ele desviou o olhar e se levantou, andou até um dos arbustos e só então notei o quão especial devia ser esse lugar, estava cheio de rosas com um tom escuro de roxo, quase negras, eram lindas. Ele arrancou uma e voltou até mim, me entregando a rosa ao se sentar, tomei cuidado com os espinhos e o encarei, queria entender o que ele estava fazendo.
-Não posso mais guardar isso para mim. – O olhei com confusão e esperança – Marih, eu não quero te ver ferida, eu te amo demais para desejar que você continue essa vida, mas ainda sou egoísta o bastante para ficar feliz que você esteja ao meu lado. – Meu mundo explodiu nesse momento, Itachi me ama como eu o amo. Seus olhos negros me encaravam com tanta ternura e amor que não pude dizer nada, mesmo com a dor nas costas me aproximei e selamos nossos lábios em um primeiro beijo desajeitado, interrompido quando fui me aproximar mais dele e tremi de dor. – Você deve descansar, vou ficar do seu lado até acordar.
-Itachi, obrigada. Eu também te amo. – Me deitei com um sorriso, ele me amava! Ele também sorria, estava feliz, mas também preocupado comigo. Me deitei de bruços e coloquei a rosa ao meu lado, as mãos dele passaram delicadamente pelo meu braço que não estava ferido, me causando arrepios com a sensação boa de carinho.
A quantos anos eu não sentia isso? Foi o bastante para adormecer com algumas lágrimas. Nunca tinha me sentido tão viva em toda minha vida.