Localização: No Jardim de Música com Ignis (@Grisha)
Quando a dança parou, Salander foi recebida aos gritos e toques. Todos os faeries queriam parabenizá-la, ou ao menos agradecer pelas moedas adquiridas nas apostas.
- Não me toquem. - Dizia em um tom passivo-agressivo ameaçador. Detestava de uma forma profunda e animalesca que a tocassem sem sua permissão concedida. Odiava e repunava a ideia de mãos/patas/dedos/tentáculos lhe tocando sem que soubesse por onde haviam passado anteriormente.
Mas antes de escapar da multidão, enrolada em sua capa e ainda cheirando à licor de menta, a híbrida voltou-se para as duas elfas que eram tão vítimas daquela brincadeira sádica quanto ela. Primeiro respondeu Areniya, que apesar da dor nos pés e do cansaço, não perdera os ânimos por um segundo sequer, mesmo enquanto afagava os pés avermelhados e que provavelmente inchariam em algumas horas.
- Obrigada. - Agradeceu, mesmo não tendo pensado em livrar as duas colegas quando tentou parar o feitiço. - Espero que da próxima vez nos vejamos fora dessa dança. - Com uma piscadela ela se despediu, dirigindo-se para Demetria.
Essa, apesar da cara enjoada, dos olhos semicerrados de quem pediria uma poção para dor de cabeça para Ewelein, demonstrou um agradecimento genuíno, e um favor devido que Salander nem se imaginava cobrando.
- Não há de quê. - Disse sincera. - Mas você não me deve nada, favores devem ser cobrados quando há uma intenção. Eu somente desfiz o feitiço, por mim e por meu bando. Mas a ideia de ser sua heroína já me satisfaz. - Finalizou provocativa, fazendo uma mesura para Demetria e sumindo da multidão enrolada em sua capa.
Salander correu. Não era claustrofóbica, mas os dias que passava na floresta tornavam tanto contato físico e social sufocantes para ela. Seus sentidos estavam atordoados por tantos sons, gestos e cheiros. O caminho para fora da tenda parecia infinito, até que ela finalmente conseguiu por os olhos no céu e sentir o ar fresco. Apoiou-se no antigo chafariz de piano e molhou as mãos na água límpida que corria dele, passando-as pelas orelhas e pelo rosto. A maquiagem agora borrada lhe dava um aspecto mais selvagem, até tribal.
- Nunca imaginei que seria tão horrível ganhar alguma coisa - Comentou consigo mesma, respirando fundo. Assim que notou não estar sozinha ergueu rapidamente o capuz da capa verde petróleo novamente.
A cervídea ouviu o tilintar de moedas, acompanhado de um cheiro forte de canídeo, seguido de uma voz que já lhe era conhecia.
- Ora, ora, se você não está cumprindo com a fama da sua raça... - Falou convidativa. Apertou a mão do Raposo rapidamente, logo desfazendo o aperto.
- Percebo que lucrou bastante com meu sofrimento, não? Acho que me deve um refil do meu licor de menta.